" Eu lido com as desventuras da minha vida transformando-as em música. É a única conversa sincera que eu consigo ter comigo mesmo. Por isso nunca fui de falar com terapeutas, remoer desamores, curtir fossas, muito menos de perder foco, sonho e esperanças.
A Fresno já está ensaiando, já está definindo um setlist novo para os shows, e eu já contabilizo composições suficientes para abortar o segundo EP e já cair na estrada logo com um CD inteiro de inéditas, que podem soar familiares a alguns de vocês, que acompanham a minha vida mais de perto. É assim que eu vivo, andando pra frente, e lembrando o caminho que fica pra trás com o único intuito de não refazer esses passos que já se foram. E algo que a vida me ensinou com maestria é que a única coisa realmente definitiva é essa eterna e sambante incerteza dos dias. Seremos eternos sabedores de nada, em busca de uma explicação para tudo.
E, compreendendo a decepção e tristeza de cada um de vocês é que lhes convido para um vôo imaginário, até um ponto perdido no espaço em que o nosso planeta seja apenas mais um ponto perdido no universo infinito. Deixemos em casa as malas e as mazelas, tudo que é terreno, tudo que é daqui. E é desse tamanho que eu quero enxergar na minha vida as hemorragias que as arestas do mundo fizeram na minha história, nenhuma delas em vão. E foi olhando pra muito longe que encontrei coisas imprescindíveis aqui, dentro de mim. A viagem de volta é longa e, a bordo de nós mesmos, faremos dos dias batida, das pessoas, acordes, e das histórias, belas melodias.
Já fiz essa viagem algumas vezes, e encontrei em lugar nenhum a não ser dentro de mim a energia e a motivação para seguir, SEMPRE. 'O que você precisar se encontra em você', e eu tô cheio de tudo que eu preciso. Umas dessas coisas é o amor de amigos, familiares e de pessoas que admiram e encontram sentido na minha arte. Está tudo aqui.
Em 2001 saiu o Leandro CP, em 2006 o Bruno 'Lezo', em 2008 o Pedro Cupertino, e ontem, meu irmão Rodrigo Tavares zarpou atrás da sua própria rota. Todos esses caminhos, hoje separados e tão diversos, desenham na minha frente um fascinante emaranhado de sonhos, todos bonitos de se ver, prazeirosos de se falar sobre e dos quais eu faço questão de participar. Todos estão no meu pensamento, no meu coração, e na minha biografia.
Eu e o Gustavo Mantovani estávamos lá em 1999, no começo de tudo e, junto dele, velejarei essa nau até o fim (que fim?).
Todos a bordo? "
- Lucas Silveira
"Mais uma história com final, mais um coração partido..."
